Curso de Técnica Vocal - Parte 3
Aprender Música

Curso de Técnica Vocal - Parte 3


IV – Notas Musicais

IV-1 Escala das notas

Notas musicais representam a tonalidade (variação grave-agudo) dos sons. Para um vocalista profissional – ainda que tenha medo de instrumentos – conhece-las é questão de fisiologismo. Ou aprende ou não é cantor que se preze.
                        

O padrão internacional estabelece 7 notas chamadas de tom inteiro e mais 5 semitons chamados de sustenidos e bemóis.

Para sua compreensão, comecemos com o que toda criança (exceto no Afeganistão) sabe: as notas inteiras. Observe ainda a ordem da variação grave-agudo:


Mi
Sol
Si
GRAVE                                                         AGUDO

Comparando as tonalidades, vemos que é mais agudo que e mais grave que Mi. Ou seja, na medida em que escala cresce cada nota seguida se torna mais fina.
Só que ao invés de escrever o nome das notas, convencionou-se usar letras para representação gráfica (ou cifras). Escrevemos as letras e lemos o nome original delas. 
Veja abaixo, a tabela das letras, agora começando por Lá:

Si
Mi
Sol

A

B
C
D
E
F
G


Acontece que entre esses tons (notas) existem outros semitons. Eles poderiam receber outros nomes (por exemplo, “Tá”, “Nó” ou quem sabe, meu nome). Porém, os doutores da música preferiram associa-los às notas inteiras. Resultado; surgiu o sustenido (#) (semitom relativo meio-tom à frente da nota inteira); e o bemol (b) (semitom relativo meio-tom atrás da nota inteira).

Portanto, encontrando semitons entre as notas C e D, vamos chamá-los de:


C

C#
Db
D


Quer dizer que depois da nota C (Dó) vem o semitom C# (Dó sustenido). Em seguida, Db (Ré bemol) que é o semitom antecessor de D (Ré).
                        
Mesmo entre uma nota inteira e um semitom existe outra variação sonora, mas foram ignoradas. Na verdade, os dois semitons (sustenido e bemol) foram agrupados numa só nota, existente entre dois tons inteiros. Elas recebem os dois nomes relativos aos seus vizinhos. No caso anterior, C# e Db formam uma mesma nota (entre C e D). Já não são mais dois semitons, mas uma nota tanto sustenida (em relação à nota anterior) e ao mesmo tempo bemol (em relação à nota seguinte).

Esqueça os outros semitons. Você só terá que aprender a escala completa das notas. Observe abaixo:


1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
A
A#
B
C
C#
D
D#
E
F
F#
G
G#
Bb
Db
Eb
Gb
Ab




                       
Note que a seqüência que termina em G (Sol) recomeça em A (Lá). Isso porque a escala é contínua.

Existe uma tonalidade padrão para as notas. Desta forma, a altura de C em um piano é a mesma em um violão ou na voz humana. 
Essa medida som padrão de recebe o nome de diapasão. Também é chamado de diapasão um instrumento que emite uma ou mais notas da altura padrão que serve como base para afinar um outro instrumento (violão, por exemplo).

Diz-se que uma pessoa é dotada de diapasão quando ela tem em mente e canta a tonalidade original da nota. Explicando melhor; ela canta F no som padrão de F. Aprenderemos a guardar o diapasão de cabeça brevemente... No entanto, é necessário ter de onde extrair o som que servirá como base. Para isso nós estudaremos a estrutura das notas no piano. (Nota do editor: Originalmente a autora incluiu também o violão e a flauta, porém foi subtraído deste texto por fugir a objeto de estudo do blog, neste caso, somente o teclado).


IV-2 Teclado (ou piano)
Instrumentos de teclas emitem sons correspondentes a uma nota para cada tecla. O teclado é composto por várias oitavas. Oitava é um conjunto de oito notas inteiras (um Dó a outro Dó) representas pelas teclas inferiores (brancas). Repare:


As teclas superiores (pretas) são os sustenidos e bemóis. Assim, entre as teclas de D e E tem a tecla do semitom D# e Eb. Observe a gravura:
Espie na figura abaixo a representação de um teclado de 5 oitavas:


Cada tecla tem então a sua identidade quanto a sua nota e quanto à oitava. Então, o D depois do C2 é o da 2a oitava, ou seja, o segundo D2. Agora você já sabe extrair as notas de um teclado.

Tocando nas teclas é possível identificar a diferença entre o som de cada uma. Pela variação de tonalidade, o som vai ficando cada vez mais fino na ordem crescente das notas. Então, cada tecla à direita é mais aguda que a anterior. O mesmo acontece com as notas iguais; o C1 é mais grave que o C2.



IV-3 Melodia e acompanhamento

A melodia é a parte expressa da música. 
A parte cantada (voz principal) é a expressão da própria musica, portanto, a melodia. 
Por sua vez, o acompanhamento é o som de fundo feito com acordes. 
Acorde é uma união de várias notas predeterminadas que formam uma posição. O acompanhamento pode ser recheado de introdução, solo e arranjos.

Podemos citar um exemplo dessa separação na canção “COMO É GRANDE O MEU AMOR POR VOCÊ” de Roberto Carlos. Ela tem um acompanhamento completo (bateria, contra-baixo, guitarra, etc.) e se inicia com uma introdução em flauta. Em seguida entra a melodia com a letra cantada sobre a seqüência de acordes do acompanhamento. Durante a melodia, a flauta volta a aparecer com pequenos arranjos. No fim da letra, vem o solo, também em flauta, isolado com o acompanhamento. Depois do solo, a melodia é repetida no verso “Nem mesmo o céu...”.

Pois essa melodia é uma seqüência de notas que deve ser executada junto com as palavras. Melhor dizendo, cantada.

Normalmente, cada silaba recebe uma nota. Veja:


“EU   TE – NHO  TAN – TO   PRA  LHE   FA - LAR...”
    B       B         D        D          C         A         C         A        C   (Notas musicais)

Mas pode acontecer de duas ou mais silabas serem anexadas numa só nota. Repare:

“CO – MO É   GRAN - DE    O    MEU   A - MOR...”
                  G        E          G       E     E       G     E     D#

Ou ainda, que uma única silaba seja flexionada em duas ou mais notas. Tire a prova cantando esse verso do clássico “ASA BRANCA” de Luiz Gonzaga:  

“EU    PER – GUN – TE - EI    A    DEUS   DO   CÉU   UAI...”
   G          G           A           B      D      D         B          A         G          C



IV-4 Potencia vocal

Entre o homem e a mulher há mais diferenças do que o peito cabeludo e o bigode.
A voz natural do masculino é uma ou duas oitavas mais baixa (grave) que a delas. Podemos dizer que o eles cantam na faixa da primeira para a quarta oitava e elas dentro da segunda para a quinta oitava, conforme a potencia de cada um.

Quando o homem tem a voz super grave, ele fatalmente se enquadra dentro da categoria baixo
Para cantar, ele alcança em torno da primeira até a segunda oitava. 
A categoria média é chamada de barítono. Os barítonos alcançam entre a segunda à quarta oitava. 
A terceira classificação é o tenor. Neste caso, os dotados dessa classe são mais agudos e cantam no tom semelhante aos das damas, além de alcançarem também as oitavas dos barítonos.

A classificação das vozes femininas começa com contralto para aquelas que tem voz de macho e fala grosso. Na hora de cantar, elas utilizam-se da segunda para a terceira oitava.
A categoria intermediária é conhecida como semi-soprano. Nestas condições, as medianas cantam na faixa da terceira para quarta oitava. 
As poderosas da terceira classe seguem a ordem do grau soprano. As cantoras desse nível cantam da terceira para além da quinta oitava.

Cada categoria canta em torno de dezoito notas inteiras, o que é quase três oitavas. 
Como uma melodia normalmente é escrita com notas que variam entre duas oitavas, isso quer dizer que, adequadamente, uma pessoa pode cantar qualquer música. 
Quando digo “adequadamente” me refiro a usar as notas apropriadas para cada voz. 
Assim, se numa música, a mulher usar as notas C, D, E, F e G da quinta oitava, a voz masculina fatalmente não conseguirá cantar essa melodia com este tom tão agudo. Mas se ele pegar essas mesmas notas e transportar para uma oitava menor ele certamente cantará a mesma música certinho.

Vamos tentar fazer isso; veja alguns versos da música “ASA BRANCA” com as notas adequadas para cada sexo. Toque no instrumento e depois cante na oitava apropriada:


            “QUAN-DO O-LHEI A TER-RA AR-DEN-DO / QUÃO FO-GUEI-RA DE SÃO JOÃO”
                  C      D        E   G   G         E     F    F        C      D     E     G   G    F      E

Portanto, na prática, não importa ser barítono, tenor ou soprano. Em qualquer situação você pode cantar corretamente as suas canções preferidas.

Também é verdade que existe tenha uma potencia extraordinária capaz de se enquadrar em duas categorias ao mesmo tempo, trocando em miúdos, quem canta notas superiores a três oitavas. Com isso, ele tem condições de imitar vozes masculinas e femininas perfeitamente. Mas não fique com inveja não porque isso não é muita vantagem, se o que deseja é apenas cantar.

Aula Prática

Aquecimento físico
Comece com o exercício de aquecimento físico descrito anteriormente.

Aquecimento vocal
Faça o aquecimento vocal que já aprendeu.

Qual é a sua potencia?

Qual é a capacidade da sua voz? Será que você é um Pavarotti ou um Louis Armstrong? Sua voz é fina ou grossa? Que notas e que oitavas você alcança? 
Façamos o teste com o auxílio de um instrumento (teclado ou violão).


PARA HOMEM

Toque e ouça bem a nota E (E3 teclado e E42 violão) e tente cantá-la. Soa confortável? Ótimo. Agora vamos medir a sua capacidade até o limite mais grave. 
Toque e cante diminuindo uma nota inteira, ou seja, engrossando uma nota. 
Meça e anote até que nota grave você alcança -- sem forçar.

Teclado = E3 D3 C3 B2 A2 G2 F2 E2 D2 C2 B1
Violão = E42 D55 C53 B52 A65 G63 F61 E60

Agora vamos medir seu limite agudo aumentando uma nota inteira.

Teclado = E3 F3 G3 A3 B3 C4 D4 E4 F4 G4 A4 B4 C5 D6
Violão = E42 F43 G45 A32 B34 C21 D23 E25 F11 G13 A15 B17 C18 D20

RESULTADO:

Baixo alcança abaixo de F2 - F61 como limite grave e vai até os agudos C4 – C21.
Barítono canta naturalmente entre os graves perto de B2 – B52 e topa no limite agudo próximo de A4 – A15.
Tenor começa perto da nota grave C3 - C53 e tem limite agudo superior à C5 – C18.

PARA MULHER


Toque e ouça bem a nota B (B3 teclado e B34 violão) e tente cantá-la. Soa confortável? Ótimo. Agora vamos medir a sua capacidade até o limite mais grave. 
Toque e cante diminuindo uma nota inteira, ou seja, engrossando uma nota. 
Meça e anote até que nota grave você alcança -- sem forçar.

Teclado = B3 A3 G3 F3 E3 D3 C3 B2
Violão = B34 A32 G45 F43 E42 D55 C53 B52

Agora vamos medir seu limite agudo aumentando uma nota inteira.

Teclado = B3 C4 D4 E4 F4 G4 A4 B4 C5 D5 E5 F5 G5
Violão = B34 C21 D23 E25 F11 G13 A15 B17 C18 D20 E22 F23

RESULTADO:

Contralto alcança abaixo de E3 – E42 como limite grave e vai até os agudos G4 – G13.
Semi-soprano canta naturalmente entre os graves perto de G3 – G45 e topa no limite agudo próximo de C5 – C18.
Soprano começa perto da nota grave A3 – A32 e tem limite agudo superior à F5 – F23.

Soando notas

Vamos soar uma seqüência de notas para começar a treinar a voz. 
Use a oitava adequada para sua voz, começando pela mais grave. 
Por exemplo, o barítono começa por C3 – C53 e a soprano por C4 – C21. 
Toque as notas, escute-as bem e cante.

1a Seqüência:

a) Toque as notas; C D E F E D C (aproximadamente 2 segundos para cada nota).
b) Pegue o som “ê” e cante a seqüência de notas acima (com o mesmo tempo).
c) Agora repita a seqüência uma vez para cada estilo; normal, moído, fonfom, staccato e pianinho.
Gostou? Então repita o exercício trocando o som de “ê” por “a”, “ô”, “ó”, “i” e “u”.


2a Seqüência:

 Repita o exercício anterior, dessa vez trocando a seqüência descrita acima por esta nova; D E F# G F# E D.

3a Seqüência:


Do mesmo jeito, agora com a seqüência; E F# G# A G# F# E.

4a Seqüência:


Idem com essa seqüência; F G A Bb A G F.

5a Seqüência:

Novamente uma outra seqüência; G A B C B A G.

6a Seqüência:

Está acabando; A B C# D C# B A.

7a Seqüência:

E a saidera; A B C# D C# B A.




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