Curso de Técnica Vocal - Parte 1
Aprender Música

Curso de Técnica Vocal - Parte 1


Iniciamos aqui um Curso de Técnica Vocal com um material produzido pela Clivia Brenner, brasileira residente nos EUA, talentosa pianista e cantora.
Este material foi extraído de um antigo site da autora, que não está mais no ar. Felizmente, em 2006 fiz uma cópia da página e agora posso disponibilizar para vocês. Ela disponibilizou muito material na net e estou tentando localizá-los... o que for achando, posto aqui. Façam bom proveito e obrigado Clívia pelo curso!

I- Introdução

Como você estava planejando ler apenas este primeiro parágrafo de introdução e pular imediatamente para o próximo capitulo – ninguém lê as introduções dos livros --, vou começar alertando que a atenção que você deverá dar ao treinamento é o fator principal e determinante para o seu êxito. Caso continue com essa preguiça toda não chegará a lugar nenhum.
Você tem em mãos um trabalho extraído com muito suor. Portanto, faça jus a ele e repasse-o para outros com a dedicação de quem quer expandir a música e a cultura para substituir toda essa ignorância e violência que prospera em nossos dias.

Este curso é dirigido àqueles que desejam deixar de incomodar os ouvidos dos outros. Quer aprender ou aperfeiçoar a voz e o canto para enfeitar o mundo lá fora. Esta é a sua chance de evoluir e até, quem sabe, impulsionar sua carreira musical ou mesmo aumentar o número do coral da sua igreja. Se for um daqueles que só canta dentro do banheiro – talvez temendo uma chuva de tomates --, há dois caminhos; levar a banheira para o palco ou ler e seguir todo o conteúdo deste material.

Talvez esteja se perguntando sobre sua condição atual. “Eu tenho voz? Eu posso melhorar? Eu conseguirei chegar perto de um Pavarotti?”. A menos que seja mudo, tenha fumado tanto que o cigarro tenha comido suas entranhas ou esteja muito bêbado, é provável que a resposta seja “SIM” para as duas primeiras indagações. E quanto à terceira, eu creio que não dê a mínima para ópera. Ah, você é gago? Dependendo do grau, não tem problema. Inclusive Nelson Gonçalves (uma das vozes mais bonitas que já ouvi) era gago ao falar.

Será de extrema serventia se você tiver algum conhecimento em algum instrumento musical. Caso contrário, sugiro que considere a possibilidade desde já. E para sua sorte, dentro desde curso você encontrará auxilio para sua iniciação. Tomaremos por base três deles. A saber, teclado, violão e flauta doce. Não terá de aprender a tocar como um Sivuca ou Hermetto Paschoal (dois excelentes instrumentistas). Bastará apenas extrair algumas notas para medir com seu gogó. Coisa muito simples. Mas eu não impediria que quisesse ser tão bom quantos os meus colegas que citei.
Se você ainda estiver aí – e acordado -- leve em conta estas dicas para melhor aproveitar este caderno:

Ø Leia tudo com calma e atenção.
Ø Se não tiver captado uma instrução, releia tantas vezes for preciso até que fique claro.
Ø Reserve duas horas diárias para o treinamento.
Ø Procure um lugar adequado (com conforto, silencio e privacidade).
Ø Mantenha acessível um instrumento musical (sugerimos violão ou piano).
Ø Caso esteja estudando em grupo -- o que é uma boa idéia -- estabeleça um comando e programação homogênea a todos.
Ø Tenha em mente que cigarro, bebida alcoólica e água gelada são seus inimigos.
Ø Seja obediente ao programa deste curso. Disciplina é uma grande virtude. Se não ler tudo ou se abdicar dos exercícios propostos nada conseguirá.

Estou confiante que terá bom proveito deste curso. Será muito satisfatório pra mim se receber seu e-mail dizendo do seu sucesso ou receber seu CD autografado.
Que Deus te ilumine e conceda tudo o que for favorável.

II-1 O templo humano

Se alguém lhe perguntar com que você canta, certamente você dirá que é com a boca – e talvez nem responda a uma questão tão idiota. De fato a indagação é pertinente, pois, não cantamos apenas com a boca, mas com o corpo e a mente.
Isso quer dizer que precisamos de uma boa condição física (não me refiro aos músculos de Silvester Stallone ou a cintura de Giselle Büchen) e muita concentração (quem sabe até igual ao um monge).
O bom estado do corpo é imprescindível para uma performance satisfatória. Não apenas da garganta, mas todo o templo humano. A começar pela postura. A coluna reta é uma exigência elementar. Um grande número de músculos interage quando falamos ou cantamos. É preciso que eles tenham sido preparados para um funcionamento extenso. Por esta razão nós adotaremos alguns exercícios físicos para aquecimento muscular. Não desconsidere essa prática sob pena de provocar tensão muscular e limitar seu rendimento.
Não é à toa que se ouve dizer que “o homem canta com a alma”. A concentração é uma espécie de veneração, uma expressão sentimental. Difícil imaginar alguém cantar sem emoção ou prazer. Com efeito, devemos estar envolvidos com o canto assim como o ator está para o personagem que representa. A nossa afinação depende muito dessa concentração.

II-2 O canal vocal

Você detesta aula de biologia? Eu também, mas...
Vamos viajar um pouco na teoria cientifica e saber sobre o canal vocal. O som produzido é exteriorizado pela boca e ainda pelo nariz – sim, pelo nariz. O som é produzido e qualificado por uma série de elementos em nosso corpo.
O ar da nossa respiração é uma espécie de matéria prima. É ele que ecoa nossa voz através do esforço de alguns de nossos órgãos (diafragma, pulmões, cordas vocais...). Para que tudo isso saia perfeito, necessário se faz que os órgãos estejam com saúde.

É recomendável que se cante em pé e com a cabeça levemente erguida. A explicação é que assim o diafragma trabalha melhor, ou seja, acomoda mais e melhor, o oxigênio além do som sai reto pelo canal da garganta. Você já reparou isso nos corais?

II-3 Respiração

Quem não ouviu aquela citação clássica de marcha “Barriga pra dentro e peito pra fora” na hora respirar? Aí está o mal-entendido. Na hora de inspirar (receber) o ar o sujeito estufa o peito e espreme as tripas fazendo com que o diafragma se retraia impedindo que o oxigênio entre tranqüilamente. E depois para expirar (soltar) o ar que mal entrou, ele incha a barriga de nada – sem contar a careta que faz.
A forma correta de trabalhar a respiração é receber o ar (de preferência pelo nariz) em boa quantidade. Na hora de soltar o ar, use o nariz (e a boca quando for cantar).

O diafragma é um grande auxiliar para a respiração. Trata-se de um músculo localizado próximo ao abdome que se estica e encolhe conforme nossos impulsos. Ao relaxar, ele abre a caixa torácica para guardar o ar e a fecha ao se encolher. O diafragma também movimenta os pulmões, que por sua vez elimina o gás carbono do corpo junto com o ar. Na verdade, quando inchamos ou retraímos a barriga por própria vontade, é com ele quem trabalhamos.
Portanto, na hora de inspirar, relaxe o diafragma para receber bem o oxigênio e o encolha para expirar o ar velho.

II-4 Cadê o gogó?

E tem gente que acha que não tem gogó. O que ocorre é que a garganta é um dos mais sensíveis lugares do corpo humano. Isso porque é por onde respiramos e ingerimos comida e bebida – nem sempre com a qualidade desejada. Desta feita, a qualidade do som dependerá bastante da condição física do seu gogó.

Cordas vocais são membranas (tecidos que envolvem os órgãos) sustentadas pela laringe, que vibram e produzem e qualificam os sons no ato da expiração. São elas que determinam o seu timbre vocal e a variação dos tons entre grave (grosso) e agudo (fino).
Também os movimentos da faringe, língua e da boca dão características aos sons. É preciso, portanto, ter um certo domínio sobre elas.

Cuide bem do seu gogó:

· Evite álcool para não ressecar os órgãos.
· Fuja de comidas ou bebidas muito quentes ou estupidamente geladas. Há um limite de temperatura aceitável.
· Cigarro é inadmissível.
· Acidez dos alimentos pode prejudicar a parte bucal.
· Não grite jamais. A vibração desordenada das cordas vocais danifica seu potencial.
· Mantenha sua boca sempre hidratada. A sede faz estragos.
· A ingestão de bons alimentos (especialmente frutas) ajuda a conservação bucal.
· Um gargarejo de água e sal (uma pitadinha de nada) regularmente funciona como soro. Atenção; nada de sal em excesso, conhaque ou vinagre. Caninha 51 também nem pensar.

II-5 Se liga nessa...

O grande maestro do nosso corpo é o cérebro e dele parte todos os impulsos (ordens) a serem obedecidos pelos órgãos. Conclusão, o estado de espírito é fator determinante na hora de soltar a voz. Então, você terá dificuldades em entrar no palco sabendo que seu cunhado bateu com seu carro. Do mesmo modo, não faria melhor se soubesse que acertou o grande prêmio da mega-sena (e quem iria ao palco depois de um prêmio desses?).
Como já dissemos, a concentração define a afinação. Isso porque a distração faz o cérebro perder o controle da vibração das cordas vocais – que é coisa muito sensível. Além do mais, se as cordas não forem bem adestradas não produzem o som esperado. Por isso que tem gente que não tem afinação; não tem controle sobre os órgãos.
Se você é um deles e quando quer cantar um “A” sai um “Ô”, esqueça seu passado e se prepare para sua nova carreira.

Aula Prática: Aquecimento físico

Você já conhece o valor do seu corpo para a voz. Por esta razão, iniciemos a aula prática com exercícios de alongamento e relaxamento. Use roupas leves e folgadas para não dificultar os movimentos.

1. Alongamento: de pé, levante os dois braços e vá se esticando suavemente para cima como se quisesse alcançar uma corda que está um pouco acima de sua cabeça. Mantenha os pés bem fixos no chão. De 1 a 3 minutos.

2. Relaxamento: movimente os braços e as pernas livre e suavemente para ativar melhor a circulação sangüínea e aquecer a musculação (dê chutes curtos no vento e simule natação, por exemplo). De 3 a 5 minutos.

3. Respiração: conforme os padrões teóricos aplicados anteriormente, trabalhe sua respiração e aproveite para entrar em estado de concentração máxima. Procure sentir o ar entrando e se espalhando em seu corpo através do sangue. Trabalhe os impulsos cerebrais para as partes do seu corpo (como leves movimentos dos dedos das mãos e pés). De 2 a 3 minutos.

4. Acorde o diafragma: se você leu todo o capitulo anterior (duvido) sabe da relevância deste músculo. Portanto, vamos desenvolver ainda mais suas atividades; inspire e expire rapidamente dando sopapos no 
diafragma como se estivéssemos bombardeando o abdome. De 1 a 2 minutos.

5. Aquecimento muscular do pescoço: abaixe completamente a cabeça (coluna reta, por gentileza) e comece a ergue-la vagarosamente até onde puder enquanto inspira. Segure o ar por algum tempo e desça a cabeça e vá soltando o ar devagar. Sincroniza o tempo do movimento com a respiração. Ou seja, o tempo do movimento deve ser igual ao da respiração. Vá retardando o tempo do movimento e da respiração aos poucos até alcançar a média de 30 segundos para levantar a cabeça (e inspirar), 10 para prender o ar e 30 para abaixar a cabeça (e expirar o ar). 
ATENÇÃO: observe sua capacidade. Se der para prolongar mais ainda o tempo, faça-lo. Do contrário, diminua o limite. Execute de 5 a 10 vezes nesse sentido e depois inverta a ordem do movimento e a respiração.

6. Aquecimento muscular do pescoço II: semelhante ao exercício acima, sincronize a respiração de acordo com os movimentos do pescoço. Entretanto, troque o movimento vertical pelo horizontal; ponha a cabeça no limite que ela se move para um lado e vá virando para o outro trabalhando a respiração.

7. Acionamento bucal: faça movimentos com a boca (caretas mesmo) para acionar a musculatura da boca; abrindo e fechando, esticando para os lados, etc.

Esses exercícios devem ser executados a cada aula prática ou de 2 a 3 vezes por semana.
Cadê as aulas práticas de canto? Prometa na próxima.






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