Aprender Música
Pro Tools: É essencial ter referência!
Originalmente publicado na revista Áudio Música & Tecnologia #223Se monitores de referência fossem mesmo de referência eles seriam todos iguais, então bastaria comprar o mais barato e pronto!
Não existe "O" monitor de referência. A referência é criada por você!
Existem sim os monitores que têm amplificação integrada dedicada para cada transdutor que aumenta a eficiência do conjunto e atenua problemas com cabeamento, que também têm guias de ondas e construção que minimiza a difração, filtros que reduzem os efeitos do entorno, sistema de auto alinhamento e assim por diante, mas mesmo estes modelos também não podem ser considerados como sendo de referência. Nem mesmo os com falantes amarelos, roxos, brancos, prateados ou pretos, ou outros com tweeters de teteron, de seda, de fita ou qualquer combinação visionária de tecnologia vai propiciar a referência na qual todos se baseiam, pois não existe tal coisa.
Gosto de pensar que monitores são como a nossa esposa (ou marido, no caso das leitoras); Um dia a gente se encontrou, fomos ficando mais tempo juntos, passamos por períodos se conhecendo e aprendemos suas qualidades e defeitos durante o dia-a-dia a ponto de ficarmos dependentes um do outro para sempre e o mais importante: aprendemos a confiar nelas.
Isto é verdade também para nossos monitores, basta escolher um que a gente gosta e investir em aprender como eles são até que eles virem nossos grandes parceiros (normalmente insubstituíveis).
Como pode haver tanta gente mixando muito bem e cada qual com monitores diferentes? Tem gente que até verifica o som em caixas acústicas que estão longe de serem tratados como monitores. A resposta seria algo em torno de: Porque estão acostumados. Não tem nada que pode comprometer o resutlado final de uma produção musical do que ter que mixá-la em uma sala que você não conheçe com monitores que você não está acostumado.
É claro que existem alguns monitores que são tidos como referência justamente pela sua qualidade (leia-se personalidade) e que devem ser conhecidos, mas seria no mínimo injusto consigo mesmo não dar espaço para que os novos e menos enrraizados na opinião default do mercado possam se expressar. Assim como monitores, alguns softwares também são muito comentados (bem e mal) e que também necessitam do mesmo tempo de namoro e indubitavelmente o Pro Tools é um deles.
Para aqueles que nunca tiveram a oportunidade de conhecer o Pro Tools há uma boa notícia: Saiu o Pro Tools Essential. Este Pro Tools é grátis e vem com a nova interface de áudio Fast Track da M-Audio e é compatível com quase todas as interfaces da M-Audio. O Pro Tools Essential é um Pro Tools M-Powered com alguns recursos a menos, mas o motor é o mesmo, a qualidade é a mesma, as ferramentas são as mesmas, o som é o mesmo e dá para fazer belas produções com ele. Mais uma versão Reduzida? Oras, quantos discos maravilhosos não foram feitos com a tecnologia limitada do passado? Então, no mínimo os softwares limitados de hoje oferecem mais recursos de edição do que na era Beatles.
Para aqueles que estão pensando em investir em uma primeira interface de áudio é uma boa hora para entrar no mundo do Pro Tools.
Caro leitor, não quero influenciá-lo a comprar um determinado produto, mas conhecer o Pro Tools é no mínimo fazer parte do mundo da maioria dos profissionais do áudio e, quem sabe o fato de conhecer o Pro Tools seja determinante para você trabalhar naquele estúdio ou fechar um trabalho importante no futuro...
Vamos conhecer o Pro Tools Essential Agora. Dentro de uma grande lista de características as mais importantes dele são:
Gravação de até dois canais simultâneos individuais
Output de dois canais físicos
Playback de até 16 canais mono ou estéreo
4 canais auxiliares
8 canais de instrumentos virtuais
8 canais MIDI
3 inserts por canal
5 mandadas auxiliares por canal
Timestretching via Elastic Audio
Funções de edição clássicas do Pro Tools (exceto Smart Tool)
Structure Free integrado com 60 instrumentos virtuais e ótima qualidade
Biblioteca de loops em vários estilos com mais de 3Gb
Simulador de amplificador de guitarra (SansAmp)
Inúmeros plug-ins de processamento
Compatível com PC ou Mac
Vamos agora fazer um Tour prático pelo Pro Tools Essential, como se estivessemos em nosso homestudio fazendo uma produção Musical.
1. Ao abrir o Pro Tools uma tela do boas-vindas nos recebe com espaço para algumas configurações iniciais. Temos a opção de começar uma sessão de um template pronto (especialmente desenvolvido para quem não tem muito tempo com o Pro Tools ou que quer ganhá-lo), mas neste caso vou criar uma sessão em branco. [Figura 1]
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Figura 1 |
2. Após escolher o nome e o lugar onde a sessão irá residir ambas as telas de mixagem e de edição aparecem e um canal de click já está ativo. Caso estas janelas não apareçam basta ir ao menu Window e abrí-las de lá (opção Mix e Edit). [Figura 2]
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Figura 2 |
3. Na sequência vou criar canais (um canal de áudio estéreo e um mono, um canal de instrumento estéreo, dois canais MIDI e um canal estéreo Master) usando o Menu Track > New. [Figuras 3 e 4]. |
Figura 3 |
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Figura 4 |
4. Usando o Menu Window vou escolher a opção Workspace para poder buscar um groove de bateria para o canal de áudio estéreo. Visito o pacote instalado do prórpio Pro Tools. Escolho o caminho no lado esquerdo (no meu caso ele está em Mac HD > Aplications > DigiDesign > Pro Tools > M-Powered Essential Loops) e clico o ícone de alto-falante para ouvir os diferentes grooves. Verifico se o ícone de metrônomo está ligado assim o groove será importado no tempo da sessão via Elastic Audio. Agora simplesmente arrasto aqueles que gosto para o canal estéreo na janela de edição. [Figura 5]. |
Figura 5 |
5. Na janela de mixagem, no seletor de entrada física do canal de áudio mono vou configurar este receber o sinal do canal dois (HiZ) da minha interface de áudio (Fast Track) pois tenho uma guitarra conectada nesta entrada. Em um slot de insert vou clicar e escolher a opção Plug-in > Harmonic > SansAmp PSA-1. Assim que abrir a janela do plug-in vou escolher um preset clicando na caixa Factory Default e escolhendo um da lista. Na sequência habilito o canal para gravação para escutar o preset atuando em tempo real e para ajustar o nível de sinal no pré-amplificador da interface de áudio, tomo cuidado para não saturar acendendo o led vermelho do VU, mas ficando o mais alto possível. Depois de alguns acordes teste eu ligo o botão Count Off da área de transporte para ouvir o metrônomo dois compassos antes de iniciar a gravação e habilito o botão de gravação e play para gravar no trasnporte. [Figura 6] |
Figura 6 |
Como eu não fiquei satisfeito bastou deletar a onda criada na janela de edição (clicando sobre ela e apertando a tecla delete) e gravar de novo seguindo os mesmos passos acima.
6. Agora o MIDI. No canal de instrumento vou clicar em um slot vazio de insert e escolher a opção Multichannel Plug-in > Instrument > Structure Free. Na janela do Structure Free vou clicar onde aparece escrito Sine Wave e escolher outro instrumento; neste caso o Mini Thump Bass. Na sequência clico com o botão direito logo abaixo do primeiro patch (em um espaço vazio) e escolho a opção Add Patch > Structure Essential e outro instrumento, o Electric Piano. Pronto! Dois instrumentos virtuais para minha música. [Figura 7]
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Figura 7 |
7. No canal MIDI 1 vou selecionar a saída para ser o Structure Free 1 Port A > Channel 1, que é onde está o baixo e no canal MIDI 2 vou selecionar Structure Free 1 Port A > Channel 2, que é onde está o piano. [Figura 8]
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Figura 8 |
8. Agora habilito o canal MIDI 1 para gravar, vejo se o Count Off está ligado e aperto o Rec e Play para gravar através de meu controlador MIDI. [Figura 9]
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Figura 9 |
9. Faço a mesma coisa para o segundo canal MIDI e agora temos dois canais MIDI mandando informações para o canal de instrumento onde está o Structure, aumentando o molho. [Figura 10]
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Figura 10 |
10. Um pequeno ajuste nos volumes e panoramas garante que não haja nenhuma saturação e harmoniza os instrumentos. Habilito o Mute do canal do metrônomo para não escutá-lo mais, pois já foi muito útil. Clicando com o botão direito sobre o botão de Play me possibilita escolher a opção de reprodução em Loop enquanto ajusto os detalhes. [Figura 11] |
Figura 11 |
11. Que tal um compressor no canal master? Tem gente que gosta, tem gente que não gosta, mas se soar bem que mal tem? Clico em um slot de plug-in e inserto-os através da opção Multichannel Plug-in > Dynamics > Compressor/Limiter Dyn 3, escolho um preset e ajusto os parâmetros na janela do plug-in. [Figura 12]
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Figura 12 |
12. Agora para mandar a música para um CD clico o botão Return to Zero no transporte para deselecionar qualquer área selecionada, vou ao menu File > Bounce To > Disc. Vejo se a opção Stereo Interleaved está selecionada, ajusto a resolução para 16Bits e 44.1kHz e também a opção convert after Bounce. Clico em Bounce e escolho um nome e a localização e clico em Ok. Pronto! Uma música para colocar em um CD.
Com estes poucos passos vimos como fazer uma música completa no Pro Tools Essentials envolvendo loops, gravação de áudio e de MIDI. Nem me preocupei com edições, mas é claro que podemos lapidar nossas músicas até ficarem perfeitas com esta versão do Pro Tools, que oferece tudo que necessitamos para fazer boa música.
Sendo referência ou não, o Pro Tools é parceiro mundo afora, assim como os monitores com falantinhos brancos também são.
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