Plug-ins UAD-2 e Pro Tools 11. Demorou, mas rolou.
Aprender Música

Plug-ins UAD-2 e Pro Tools 11. Demorou, mas rolou.



Aquele provérbio infinitamente adaptado sobre alguma coisa que tarda, mas não falha é verídico em algumas de suas variantes.
Saldo negativo é certeza.
Precisar de óculos para perto também. Multifocais, no meu caso.
Falha na bateria do carro na hora de ir para o trabalho é certeira.
Carteira vazia, amanhã.
O TEC Award de 2013 para o Pro Tools 11.
Agora, a justiça desse país, que vigora ocasionalmente como opção nesse provérbio eu já não tenho muita animação de chancelar.
Ajuda de Deus é certa! Todos esperam...

Cá na Terra, em nosso mundo obsessivo-tecnológico-musical-nerd, sabemos que recentemente a Universal Audio lançou a sua plataforma de plug-ins no novo protocolo AAX de 64 Bits, compatibilizando-os com o igualmente novo Pro Tools 11. Isso significa que, a partir de então, os usuários de produtos Universal Audio, como a Apollo, Apollo 16 e a caçulinha Apollo Twin, além dos DSPs disponíveis em separado das interfaces, podem instalar tranquilamente o Pro Tools 11 em suas máquinas para trabalhar ou se divertirem com seus plug-ins UAD-2; no Mac.

Eu mesmo já tive que usar o Pro Tools 10 para fazer algumas coisas (nada relacionado à pirataria, diga-se de passagem) e o 11 para outras, para não fazer um bounce online de 2 horas, por exemplo, mas algumas coisas me prendiam ao Pro Tools 10, não posso negar. Enfim, com a saída desse novo protocolo, minha estação pode tranquilamente migrar para o onze e o dez ficou definitivamente no passado, enraizado em detalhes dentro de um livro intitulado "Como Fazer Música com o Pro Tools 2a. Edição", aliás, falando disso, meu livro é perfeitamente funcional para o Pro Tools 11, pois o workflow estilo Pro Tools não mudou quase nada nessas últimas edições e as mudanças drásticas ficaram a cargo da arquitetura de processamento apenas. Alguns outros detalhes importantes abordo no capítulo especial sobre o Pro Tools 11, portanto você está coberto desde o Pro Tools 8 até o atual e, muito provavelmente em algum dos próximos.

A Universal Audio tecnicamente chamou seu update para o protocolo AAX de 64 Bits de versão 7.4.1, mas infelizmente aquele provérbio adaptado ainda não se cumpriu em sua plenitude, pois apenas os usuários do sistema Apple foram contemplados.  Pelo menos o update é grátis. Só faltava não ser. O pessoal do Windows ainda precisa de mais paciência, coisa que estão acostumados, se me permitem a colocação jocosa.

Uma coisa interessante é a seguinte: Se o protocolo dos plug-ins AAX de 64Bits da UA funciona agora no PT, significa que dá para fazer o Bounce offline com eles. AHA! Mas há um detalhe: será que o processamento direcionado aos DSPs da UA quando revertidos ao processamento offline não fica mais lento do que o próprio Bounce online? Descobri a resposta para essa pergunta e desvendo-a aqui nas próximas linhas, mas antes disso um pouco de background pseudo-técnico.

Os plug-ins da plataforma UAD-2 rodam no seu DSP proprietário, isso significa que o seu computador fica livre para fazer outras coisas. Todavia, quando é chegada a hora do Bounce acontecer, se for do tipo Online, o DSP continua processando o sinal como se estivéssemos gravando ou mixando,  mas ao gravar o Bounce no modelo Offline o que acontece é o seguinte: O processamento não migra para a máquina e permanece no DSP, que, por sua vez e até o presente momento, é muito menos potente do que as CPUs que temos dentro dos computadores, então a velocidade de processamento do Bounce Offline diminui e, em alguns casos, dependendo da quantidade de plug-ins ou da sua complexidade, acaba atrasando tanto o Bounce que este fica mais lento do que o modo Online. Há um teste fácil para você sacar o quanto o DSP da Universal está segurando o processamento:

Abra o Painel da UAD e uma sessão pesada repleta de reverbs e outras coisas massudas, na falta faça uma. Mande fazer um Bounce Offline e fique de olho no medidor de evolução. No meio do Bounce, desclique o botão de ativação da UAD no painel de controle, inativando o processamento dos plug-ins UAD. Note que o Bounce começa a ir mais rápido. Isso mostra como o DSP está segurando o processamento, mas não é nada científico. Isso é apenas uma amostra de como vivemos no limiar tecnológico que ainda não pode ser ultrapassado devido à tecnologia vigente ou custo, mas se você não precisa renderizar áudio de longa duração com plug-ins UAD isso não vai ser um drama.


FIGURA 1
O medidor de tempo do Bounce Offline ganha vida depois que os plug-ins UAD-2 foram desligados.

Fora isso, todos os testes não científicos que realizei tentando abarrotar o processamento do DSP correram conforme esperado. Nesse mundo de DSPs, os da Avid inclusive, há um limite bem definido por um marcador na janela de controle. Tente chegar perto e os problemas começam a acontecer. Tente passar e o trabalho fica inviável. Daí temos que recorrer ao pseudo-Freeze via "Bounce To Track" e outras técnicas salvadoras.

Mesmo assim devo admitir que sou fã da plataforma UAD. Seus plug-ins têm sonoridade incrível e sempre rodaram muito bem, inclusive no Pro Tools 11 e disso não podemos contra-argumentar.

Com essa interface nova da UA, a Twin, surge também uma nova tecnologia, que batizaram por lá de "Unison. Esta permite que você aplique a resposta sonora de diferentes pré-amplificadores ao sinal sendo pré-amplificado, logo após o estágio analógico, processo este também calculado pelo DSP interno. Isso significa que você pode usar o pré limpo da Twin, mas também aplicar uma resposta ao sinal imediatamente após e ouvir seu som por um Neve, por um API e por outros modelos fantásticos que ainda não existem nessa tecnologia, que virão oportunamente, basta esperar. Já existe um, o channel strip da 610 que acompanha o novo pacote de plug-ins da UAD-2 para a Twin, Adoro o som do 610 real e costumo usar um destes em carne e osso eventualmente, ou melhor, em válvulas e capacitores, com um M 149 para gravar locução, mas ainda não tive oportunidade de comparar o real com o virtual, pois acabou de ser lançado e ainda não chegou por aqui. Na maioria da vezes uso um John Hardy mesmo, meu preferido, quem sabe um dia sua alma virtual apareça na plataforma Unison... Essa tecnologia inclusive "imita" a variação de impedância que os diferentes microfones geram no circuito de pré-amplificação, portanto a cada microfone diferente conectado, um som diferente irá sair. Parece ser muito interessante.


FIGURA 2
A Apollo Twin é pura música para meus ouvidos. Olha que coisa mais linda...

Aliás, essa luta entre o virtual e o real é meio complicada, acho melhor não entrar em detalhes. É o mesmo que discutir a relação válvula e transístor, marido  e mulher, vinil e CD. Voltando: eu adoro fazer testes de limite. Tentar acelerar o Sanderinho mil com o ar condicionado ligado para passar um caminhão na estrada ou entupir uma sessão de plug-ins UAD para ver até onde ela vai. Veja abaixo a minha tabela de comparação entre duas situações com alguns números hilários.

TABELA

Música com 24 pistas e 3:35 de duração
DSP 
PGM
MEM
FWB
Bounce Offline
Obs
84%
Muitos plug-ins
UAD-2
78%
16%
65%
0.5x
Mais lento que o Bounce Online
21%
Poucos Plug-ins UAD-2
34%
4%
65%
1.3x
Um pouco mais rápido que o Bounce Online


FIGURA 3
O Bounce Offline mais lento que o Online

A conclusão é que não importa se a plataforma UAD-2 vai demorar alguns instantes a mais para processar a sessão no modo Offline, pois funcionou redonda e não obtive um problema sequer, dado à incrível estabilidade do Pro Tools 11 e o bom trabalho do pessoal da Universal Audio. Agora, o som dos plug-ins é que é o verdadeiro negócio. Posso até dizer sem medo que a Universal Audio realmente está chegando, se já não chegou, à mesma qualidade dos equipamentos analógico, tornando indistinguível o sinal processado por um equipamento real ou virtual, mas insisto, não vou entrar nessa conversa, quem sabe um dia a gente se encontra e a gente pode conversar mais sobre isso... Não tem preço poder colocar um Shadow Hills no caminho ou então um 1073 na voz sem ter que vender um rim e um pulmão no mercado negro. Enfim, falei, falei, falei e de Pro Tools, propriamente dito, quase nada. Pelo menos confesso. Mas, para não fica chato então, dou uma dica:

No Pro Tools 11 agora é possível arquivar a sua pasta de preferências em um local igualmente pessoal, para poder então acessá-la de todas as suas estações. Com isso em mente, fica claro que o melhor local para armazenar sua pasta de preferências é em algum serviço de cloud, tipo o dropbox, mas nada impede que você use um pendrive ou um cartão SD e leve-o consigo.

Vá ao menu Setup, escolha a opção Preferences, clique na aba Operation e no campo User Library clique no botão Change... Escolha o local que você quiser e use todas as suas estações do mesmo jeito. Garanto que você vai gostar.


FIGURA 4
As preferências do usuário do Pro Tools (eu) direcionadas ao Dropbox.

PS: Não se esqueça de encomendar meu livro novo!

*O desenho da Justiça é de um dos meus cartunistas preferidos, o Angeli.



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